terça-feira, 15 de setembro de 2015

AS CRÔNICAS DA PAMPULHA: O BIGODE E O SANTO

Por Jefferson Rocha

Era sim um domingo diferente: cinza, opaco, lusco-fusco, sem brilho mesmo.  As primeiras horas da manhã já trouxeram notícias de brigas nas principais ruas de BH. Mas tudo não passava de um preludio para o que realmente importa em dias desse tipo: o jogo!

Um clássico “pleonasticamente” sem favoritos! Apesar de um momento melhor de um ou de outro, esses jogos se mostram imprevisíveis pelas histórias e anedotas contadas a partir do imaginário popular de seus “assistidores”.

De um lado, o batalhão de Mano em busca da volta por cima após os insucessos de uma campanha pífia de seu antecessor craque às avessas do pôquer. Do outro, um esquadrão que segue no calcanhar da equipe mais beneficiada do “destino” construído. Um Galo que joga aberto e que sempre coloca seus torcedores no sufoco de torcer por um time que joga tão abertamente irresponsável.

Começa a peleja e o que vimos foi o lado azul ditando as regras e fazendo com que a galera Leviliana não conseguisse avançar suas linhas. Mas o alvinegro não demoraria a retomar a posse da bola e equilibrar as coisas.

Estava muito próximo de aparecer os principais personagens do enredo.

Após sucessivas tentativas de vencer o desafio, eis que surge o momento que poderia ser o ápice do jogo:

Ao afastar uma bola da área e o lateral-meia-atacante-zagueiro-herói-vilão-craque-perna-de-pau Patric erroneamente recolocá-la na área, Wiliam ganhou de Leonardo Silva e provocou “a falha”.

Uma hecatombe de sentimentos tomou conta do moderno gigante da Pampulha.  As arquibancadas bradavam o feito duplo de atacante do bigode. Ao mesmo tempo em que o Cruzeiro abrira o placar, derrubava o mito do “São”, de São Victor do horto. Um frango de sabor amargo, que colocava o Cruzeiro na liderança do placar. Não se tratava apenas do acaso... se imputar o feito apenas ao acaso, desvalorizaríamos a perseverança do artilheiro do bigode.  

Cruzeiro foi para o vestiário satisfeito com a primeira etapa e voltou bem na segunda, até que o gringo Mena fez com que o roteiro mudasse novamente.

A expulsão fez com que o time de Mano colocasse um verdadeiro metrô à frente de sua meta, e o Galo não conseguia cantar dentro da mesma.  Foram mais de trinta jogadas aéreas e nada.  

Os jogadores celestes estiveram com a espada do golpe letal desembainhado em um contra ataque puxado pelo garoto Alisson.

A corrida, o drible, a puxada, a finalização, a decepção.  O “São” de São Victor voltou a atuar... uma intervenção digna de milagreiro cessou a chance de matar o jogo.

Um herói improvável apareceu para dar justiça à labuta aérea atleticana. Após inúmeras tentativas, o achincalhado Carlos empatou o jogo explodindo a pequena parte alvinegra do estádio.

Pouco depois, pênalti para o Cruzeiro.

Wiliam, o do bigode, põe na marca da cal, respira. Victor, o santo, no centro do gol, respira. O fantasma de Riascos voltou a assombrar mais um atacante, que encararia Victor em penalidade no crepúsculo de uma batalha.  

O futebol tem essa capacidade maravilhosa do herói virar vilão e o vilão virar herói em questão de minutos...

A defesa, o final, o empate...

A justiça foi feita pela luta dos dois escretes. E cada torcedor saiu do estádio querendo convencer que o resultado foi melhor para o seu time, quando verdadeiramente não foi para nenhum.

E lá em cima... os deuses do futebol terminaram aquele domingo cinza com um sorrisinho sarcástico no canto dos lábios. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário