Por Jefferson Rocha
Era sim um domingo
diferente: cinza, opaco, lusco-fusco, sem brilho mesmo. As primeiras horas da manhã já trouxeram
notícias de brigas nas principais ruas de BH. Mas tudo não passava de um
preludio para o que realmente importa em dias desse tipo: o jogo!
Um clássico “pleonasticamente”
sem favoritos! Apesar de um momento melhor de um ou de outro, esses jogos se
mostram imprevisíveis pelas histórias e anedotas contadas a partir do
imaginário popular de seus “assistidores”.
De um lado, o batalhão de
Mano em busca da volta por cima após os insucessos de uma campanha pífia de seu
antecessor craque às avessas do pôquer. Do outro, um esquadrão que segue no
calcanhar da equipe mais beneficiada do “destino” construído. Um Galo que joga
aberto e que sempre coloca seus torcedores no sufoco de torcer por um time que
joga tão abertamente irresponsável.
Começa a peleja e o que
vimos foi o lado azul ditando as regras e fazendo com que a galera Leviliana
não conseguisse avançar suas linhas. Mas o alvinegro não demoraria a retomar a
posse da bola e equilibrar as coisas.
Estava muito próximo de
aparecer os principais personagens do enredo.
Após sucessivas tentativas
de vencer o desafio, eis que surge o momento que poderia ser o ápice do jogo:
Ao afastar uma bola da área
e o lateral-meia-atacante-zagueiro-herói-vilão-craque-perna-de-pau Patric
erroneamente recolocá-la na área, Wiliam ganhou de Leonardo Silva e provocou “a
falha”.
Uma hecatombe de sentimentos
tomou conta do moderno gigante da Pampulha.
As arquibancadas bradavam o feito duplo de atacante do bigode. Ao mesmo
tempo em que o Cruzeiro abrira o placar, derrubava o mito do “São”, de São
Victor do horto. Um frango de sabor amargo, que colocava o Cruzeiro na
liderança do placar. Não se tratava apenas do acaso... se imputar o feito
apenas ao acaso, desvalorizaríamos a perseverança do artilheiro do bigode.
Cruzeiro foi para o
vestiário satisfeito com a primeira etapa e voltou bem na segunda, até que o
gringo Mena fez com que o roteiro mudasse novamente.
A expulsão fez com que o
time de Mano colocasse um verdadeiro metrô à frente de sua meta, e o Galo não
conseguia cantar dentro da mesma. Foram
mais de trinta jogadas aéreas e nada.
Os jogadores celestes
estiveram com a espada do golpe letal desembainhado em um contra ataque puxado
pelo garoto Alisson.
A corrida, o drible, a
puxada, a finalização, a decepção. O
“São” de São Victor voltou a atuar... uma intervenção digna de milagreiro
cessou a chance de matar o jogo.
Um herói improvável apareceu
para dar justiça à labuta aérea atleticana. Após inúmeras tentativas, o
achincalhado Carlos empatou o jogo explodindo a pequena parte alvinegra do
estádio.
Pouco depois, pênalti para o
Cruzeiro.
Wiliam, o do bigode, põe na
marca da cal, respira. Victor, o santo, no centro do gol, respira. O fantasma
de Riascos voltou a assombrar mais um atacante, que encararia Victor em
penalidade no crepúsculo de uma batalha.
O futebol tem essa
capacidade maravilhosa do herói virar vilão e o vilão virar herói em questão de
minutos...
A defesa, o final, o empate...
A justiça foi feita pela
luta dos dois escretes. E cada torcedor saiu do estádio querendo convencer que
o resultado foi melhor para o seu time, quando verdadeiramente não foi para
nenhum.
E lá em cima... os deuses do
futebol terminaram aquele domingo cinza com um sorrisinho sarcástico no canto
dos lábios.