sexta-feira, 1 de maio de 2015

APENAS SENNA

Por Jefferson Rocha


No ano passado, escrevi esse texto para um jornal da região em meio a várias homenagens a Ayrton Senna... hoje republico em razão do aniversário de sua morte. 

Eu sempre acordava aos domingos de manhã com os ruídos dos carros da Fórmula 1 na TV. Ainda na “madorna”, pensava nas arrojadas ultrapassagens de Senna, quando escutava meu pai desesperado gritando: “Aí não “home”, tu vai se lascar.”

As histórias do Ayrton se confundem diretamente com as lembranças agradáveis do meu velho. Seu Raimundo foi uma versão muito melhor do que esse escriba das terças e sextas nessas páginas.  Ele aliava a experiência e sabedoria com uma simplicidade de dar gosto. 

Quando assisti as inúmeras homenagens prestadas ao piloto mais arrojado que existiu no automobilismo nesses últimos dias, lembrei muito do velho Raimundo.

Não vou discursar sobre o que Senna representou para o esporte nacional, porque é chover no molhado. Quero o outro lado da conversa: “O que a falta de Senna fez ao torcedor brasuca?” A morte do cara foi tão significativa que fez com que o esporte admirado por quase todos no país fosse desdenhado por anos e anos. Um desdém que perdura até os dias de hoje. A passagem de Senna fez duas vítimas fatais na opinião pública: Rubinho e Massa. 

A maior sacanagem que fizeram com a carreira de Barrichello foi colocá-lo na condição de substituto de um insubstituível. E a conta era matemática. Nunca, mas nunca mesmo que o fusquinha do Rubinho (Stewar ou Jordan) ganharia das Benettons, Williams, Ferraris, McLarens. A questão era técnica. 

O lirismo exacerbado das transmissões televisivas para achar o vingador do herói perdido, fez com que a mídia enfiasse na cabeça do brasileiro que Rubinho conseguiria a tal façanha. Claro que, quem entendia do esporte na época não embarcava nessa.

Aí veio a fase Ferrari. Mas, esqueçam Rubinho, principalmente porque seu companheiro de equipe era o monstro Schumacher.  Rubinho era um piloto correto e honesto. Mas, nunca foi Senna, ninguém será Senna.

O caso de Massa ainda é mais pontual. Um garoto talentoso, que fazia com que sua coragem nos lembrasse de Senna. Mas, perdeu essa coragem depois do acidente, e virou apenas um piloto técnico.

Precisamos respeitar o que Senna foi. E sabe o que isso quer dizer? Que ninguém irá ocupar seu lugar na história do esporte brasileiro. Um mártir esportivo, que mesmo depois de 20 anos de sua morte, causa comoção na sociedade durante as homenagens em sua memória é “único e insubstituível”.

Senna era foda... Assim como seu Raimundo. 


Nota 0: Para a ausência dos especiais.

Nota 10: Para as doces lembranças. 

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